sexta-feira, 13 de março de 2009

Um poema de Ardengo Soffici (1879-1964)

Natura morta con uovo rosso (1914), tela de Ardengo Soffici, futurista semi-tardio e polêmico.



ENCRUZILHADA

Dissolver-se no pó de arroz do fim de tarde *
Com o imprevisto clamor da eletricidade do gás do acetileno e das outras luzes
Floridas na vitrine
Nas janelas e no aeroplano do firmamento
Os calçados que arrastam gotas de diamantes e de ouro ao longo das calçadas primaveris
Como as bocas e os olhos
De todas essas mulheres loucas de histeria solitária
Os automóveis que vêm de toda parte
Os vagões reais e linhas de bonde pipilando como
[pássaros metralhados

Nous n’avons plus d’amour que pour nous-mêmes enfin

“É proibido falar com o motorista”
Oh nadar como um peixe enamorado que bebe esmeraldas
Em meio a esta rede de perfumes e fogos de artifício!

de Bif& ZF + 18 = Simultaneità - Chimismi lirici, Florença, 1915.

*no original, ordinotte (etimologicamente or di notte), o dobre do sino do começo da noite, que anuncia o fim do dia de trabalho.

3 comentários:

Ricardo Domeneck disse...

Feliz com o retorno.

Abraço,

Domeneck

Paulo de Toledo disse...

e aí, dirceu, voltaste de vez?

abracci,

paulo

Dirceu Villa disse...

Eu voltei, Paulo, agora é pra ficar, etc. Hahahahaha.