quarta-feira, 11 de abril de 2018

"ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM"

Vigésimo-quarto mês,
Ano III do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


LULA LIVRE


Poucas vezes em um período de vida se presencia um momento efetivamente histórico pelo incomum de sua circunstância, pela força moral de seu ator, pela superioridade das suas palavras.

A Mídia Ninja notou que se tratava de um momento desses, destinado a ficar na História, & postou isto, & isto brilha por si:


Hoje é mais um dia de luta pela liberdade de Lula, preso político da nova ditadura brasileira, sequestrado de seus direitos por um juiz - de título duvidoso, inteligência nenhuma & garoto de recados da mídia golpista -  servindo a interesses estrangeiros privados, decididos a explorar recursos nacionais & naturais do Brasil, & a força de trabalho brasileira, reconvertida pela presente ditadura de criminosos feitores nacionais (a serviço dos verdadeiros senhores da economia) à quase escravidão.

Precisamos de um novo Dia da Independência, & ele virá.

LULA LIVRE. BRASIL LIVRE.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

MÁRTIRES

Vigésimo-quarto mês,
Ano III do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer
LULA LIVRE


Mártires não são apenas pessoas injustiçadas.

Injustiçados são todos os do andar de baixo, as pobres pessoas que mal sabem o que lhes acontece no horror diário da injustiça imposta pelo andar de cima.

Mas mártires têm de ser pessoas injustiçadas, também, por princípio, ou não seriam mártires.

Se não basta a injustiça, o que mais gera um mártir? Uma porção de coisas. Vejamos:

1) O mártir em geral vem originalmente de um lugar humilde, um lugar do ódio social, do preconceito, das franjas mesmo da sociedade;

2) O mártir supera a circunstância, não por ser ambicioso, nem por fama, nem por nada disso: supera porque tem uma visão, porque essa visão lhe foi incutida pela própria origem, pela própria percepção das injustiças, & a visão conduz o mártir para além do cativeiro de origem;

3) O mártir em geral é eloqüente, porque ter uma visão dota a pessoa de uma força elocutória incomum;

4) O mártir é também carismático, porque ter uma visão dota a pessoa de uma força carismática incomum;

5) O mártir em geral chega a poder realizar ao menos parte de sua visão, mostrando que tinha estofo para realizações, para conduzir com gentileza a um mundo melhor;

6) O mártir não pode ser perfeito, pelo simples fato de que não existe perfeição humana;

7) O mártir incomodará o poder estabelecido com suas palavras & ações, sempre. É inevitável, porque todo poder estabelecido fez de tudo para se estabelecer, & quer ficar lá, porque o verdadeiro poder se diz divino ou meritocrático sem ser nenhum dos dois, & jamais é legítimo;

8) O mártir, inocente, será perseguido & ameaçado: pode ser com ofensas, cuspe, paus & pedras, lanças, coroas de espinhos & chicotes, armas de fogo, tanto faz; será perseguido também pela lei, porque há uma diferença básica & filosófica entre lei & justiça: a lei serve ao poder, a justiça é metafísica;

9) O mártir sofrerá algum tipo de traição: pode ser traição do grupo de pessoas ao qual se esforçou por ajudar, pode ser a traição de um beijo covarde no rosto, pode ser a dica do covarde para o poder sobre onde o mártir está, pode ser o amigo ou o membro da justiça que vira o rosto, nega o amigo, o que esquece o dever da  justiça em favor do clamor dos poderosos, ou aquele que lava as mãos;

10) O mártir, muitas vezes, é preferido para a punição, sem culpa, diante de um culpado impune, & o é frequentemente por aqueles a quem ofereceu o trabalho de sua vida.


Ontem (vejam como as coisas são) dia 4 de abril de 2018, foi o aniversário de 50 anos do assassinato de Martin Luther King. Um mártir.

Era 1968, o ano daquele mês de maio em Paris, que mostrou uma juventude disposta a contrariar, em massa, os poderes constituídos de forma injusta; foi o ano do Ato Institucional n. 5, na ditadura militar brasileira, quando a ordem era, como hoje, lançar "às favas os escrúpulos de consciência" em favor da tortura & da morte de muitos milhares de brasileiros que queriam seu país & sua democracia de volta.

Quem estuda um pouco de História eu suponho que o faça por acreditar, ou desejar, aprender com o passado a não repetir os mesmos erros no presente, no futuro.

No entanto, vejo muitos cristãos seguindo voluntariamente o caminho de mandar prender um mártir, sequer percebendo as correlações da fé que professam em sua atitude tão injusta quanto, no seu caso (eu não sou cristão), blasfema; vejo gente que deveria ter aprendido com as lições do passado, mas gritando por terror nas ruas, terror que, por fim, voltará contra si própria - Nêmesis, já ensinavam os antigos gregos.

Observei, ontem, as novas peças se movendo do mesmo modo no muy antigo tabuleiro. Nenhuma diferença. Chega a ser tedioso observar os mesmos personagens fazendo os mesmos papéis.

O mártir, Lula, que já deveria saber o que o esperava, cercado pelas pessoas do seu convívio; as massas, que Lula governou segundo a antiga visão que teve de um país mais justo, quando tirou 40 milhões de seus irmãos & irmãs da abjeta miséria, & essas mesmas massas rindo & pedindo sua cabeça aos velhos poderes injustos & constituídos da mídia, da política & do judiciário; a covardia & a culpa estampadas na cara apertada de Rosa Weber, que já fora, nenhuma surpresa, conivente com o Golpe de 2016; o ardil covarde & subserviente de Cármen Lúcia, menos ministra do Supremo do que títere de Temer, da Rede Golpe & do jornal Falha de São Paulo; o circo todo armado por esse ratinho de Curitiba, prestes a se recolher - após o serviço prestado ao poderio de estrangeiros - de volta ao buraco fétido & escuro de onde sua irrelevância ignorante & servil apareceu via Rede Golpe.

Ontem, 4 de abril de 2018, criou-se - sem que o Brasil perceba, ainda - um novo mártir. Essa mancha de injustiça mítica, arcaica & sempre igual dificilmente se apaga da História de um país. 

Amanhã é outro grande dia de vergonha nacional.

Não há como devolver a vida que roubaram a Martin Luther King, não há como devolver os 27 anos que roubaram à vida de Nelson Mandela por seu injusto & político encarceramento. Não há como apagar as cicatrizes de um chicote ou de uma coroa de espinhos, &, como MacBeth sabia, a mancha de sangue parece nunca ser lavada das mãos. 

O Brasil, país covarde, segue cometendo esse tipo de injustiça sem nunca encarar os fantasmas em seu armário: a escravidão, a ditadura militar, todas as manchas que o país, infantil, decide jamais encarar & reparar, por medo de se ver coletivamente culpado delas. E, assim, condenado sempre a repeti-las. 

O teatro é feio & desagradável, & só mesmo os canalhas têm prazer em assistir a isso.

Mas o destino que o futuro reserva aos canalhas é horripilante, também, embora eles ainda não saibam, porque é raro um canalha que saiba algo de História. 

Seja como for, a História de fato se repete: Lula será preso, & um tipo como Aécio Neves  ou Michel Temer seguirá livre. 

Escolha dos poderosos, escolha do povo.

História, para o futuro. 

Este blog incorpora a seu cabeçalho, a partir de hoje, a luta para a libertação do ex-presidente, primeiro preso político ostensivo da nova ditadura, grande liderança popular & homem de história notável neste país que não o merece.