quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Boris Schnaiderman no Cavalo Elétrico

Boris Schnaiderman, em foto de Thiago Lins

Carissimi, Thiago Lins postou em seu ótimo blog, Cavalo Elétrico, uma imperdível entrevista que fez com Boris Schnaiderman, & então sugiro a todos uma visita. O blog tem tiras, entrevistas, fotos & textos de Lins, que os leitores certamente apreciarão, uma vez lá.


Gaudete.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

GOT BOOK?


Marilyn Monroe lê o final do monólogo-fluxo de consciência de Molly Bloom, no Ulysses daquele irlandês matreiro, cheio de truques, o James Joyce.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

GOT BOOK?

Vocês talvez se lembrem de que há aquela famosa propaganda estadunidense que incentiva o consumo de leite, Got Milk? em que celebridades têm o gesto desprendido de lambuzar o buço com espuma branca para fotografias que são daí veiculadas em tudo que é canto.

Virou parte da cultura popular dos EUA, & hoje me parece que, até mesmo em busca de ter sua cara estampada em tudo o que é canto com a nobre espuma branca na cara, celebridades devem correr atrás do ato benemérito.

Impressionado com o alcance da idéia luminosa, resolvi começar essa campanha Got Book? que parte do mesmo princípio. O primeiro é, como vocês vêem abaixo, Eddie Vedder, do Pearl Jam, entretido com um calhamaço de Umberto Eco, semiólogo & romancista italiano.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O bilhete em versos de Evaristo da Veiga


Conversando com Ricardo Domeneck (poeta & crítico ativíssimo que você acha nos links ao lado para Rocirda Demencock, Hilda Magazine & Modo de Usar), ele me pediu o nome do poeta que mencionei há coisa de um mês num debate, autor do "Bilhete em verso ao Thomaz".

Estava em Belo Horizonte quando Domeneck me perguntou & não me lembrava, que a memória é um dom suscetível. Disse-lhe que veria ao voltar. Era o Evaristo da Veiga (1799-1837), livreiro, poeta, maçom, político pela independência, etc.: o simpático & rotundo cavalheiro de olhos cheios de candura, acima.

Aí vai, para o meu caro Ricardo & para os interessados leitores deste Demônio preguiçoso, o curioso & esperto poema, que tem parente ancestral no descort, gênero dos poetas medievais, que propunham o desacordo das coisas do mundo numa pequena babel de palavras em várias línguas. Esta é uma babel mais dirigida, que cutuca um provincianismo.

Notar, também, a ironia com a composição de um poema (a intromissão do francês que acusa a filiação evidente & em geral acrítica dos poetas do período, sombra de sombra de sombra, que por sua vez buscava mecanicamente o latino que buscara uns gregos, que terão buscado a refração da idéia neste mundo de pó), o "contar pelos dedos". Gaudete.


Bonjour Mr. Thomaz, comment se porte:
Je suis ravi de voir que o seu visage
Dá de bonne santé toda a apparencia:
Moi pour votre service; aqui lhe trago
Mon paquet poetique, que he composto,
D'un rang, ou rango de versinhos soltos,
E d'un Ode; oh que Ode! coisa boa!
Quatorze estrophes tem todas inteiras,
Sem que lhe falte ao menos um só verso:
As sílabas também (ou je me trompe)
Não tem falta nenhua, nem sobejo;
Contei-as duas vezes pelos dedos,
Duas vezes me deo a conta certa.
Não arrepare nesta Francezia,
Que c'est l'usage cá da nova escola,
Que se moquant do ranço dos antigos,
Já banirão das suas livrarias
Andrade, Coito, Barros, e Lucena,
Que serião peut être bons Authores,
Se soubessem Francez; se que dois dedos;
Mas assim fazem dó, Je vous demande
Pardon da secatura; e como finda
Aqui o meu papel, também eu findo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Literatura brasileira perde importante tradutora

Com pesar, registro aqui que na última quinta-feira (dia primeiro de outubro), morreu Heloísa de Lima Dantas. Foi tradutora importante de muitos livros, em um dos períodos mais férteis da atividade no país.

Por exemplo, traduziu, com José Paulo Paes — que era seu amigo — A Arte da Poesia, coletânea de ensaios de Ezra Pound; traduziu também textos do livro Ideograma, organizado por Haroldo de Campos; traduziu Joseph Campbell, Roland Barthes, Gustave Flaubert & muitos outros.

Pessoa culta & calorosa no trato, dominava amorosamente essa arte tão complexa, & deixa sua obra tradutória & intelectual como um presente àqueles que já a leram & àqueles virão a lê-la. Presente que sabemos & saberemos estimar.