quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O FIM DE UM PAÍS, E A DISTOPIA

Oitavo mês,
Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


Brasília, ontem, em foto de Adriano Machado (Reuters)

Ontem, o Brasil deixou de existir como um país. 

Nada mais resta fazer, &, por isso, estamos começando a ver o conflito se transformar em confronto aberto. 

O governo ditatorial, já por ser ditatorial, obriga que aqueles que discordem da unilateralidade de suas decisões escravocratas passem a adotar estratégias diretas para demonstrar o nível de discordância com um projeto de poder que tem duas chaves: completa ilegalidade & completa imposição.

A PEC 55, que torna este país em um grande ajuntamento de escravos para o grupo de Brasília & alguns empresários, é obviamente a pior coisa que alguém pode imaginar para uma nação, porque a partir do desmantelamento da Constituição (de início no Golpe de Estado que destituiu a presidente eleita Dilma Rousseff, ainda no nosso breve período democrático), tudo se torna possível. 

As coisas vão piorar, & a violência vai crescer. 

O Brasil já foi um país: tinha grandes dificuldades, mas era um país. Hoje é só um território dominado por uma gangue de políticos instrumentalizada por parte do Judiciário a cometer todo & qualquer crime que sonhar + um imenso contingente virtual de escravos para ser explorado por seus associados nacionais & estrangeiros, os grandes empresários.

O Brasil não é mais um país, é um episódio bem terrível de Black Mirror

O Brasil, hoje, não passa de uma distopia, um anúncio sombrio de mais sombras.


Por fim, o Estado psicopata do totalitarismo

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

IMPLOSÃO DA DITADURA TEMERÁRIA

Oitavo mês,
Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


Tira de Laerte mostra o liliputiano golpista 
inundado num mar de vômito



EXATAMENTE como dizia este Demônio, como todas as pessoas de bom-senso neste & em outros países, nesta semana o caso de Geddel provou que o Golpe aconteceu para retirar do poder uma presidente honesta, eleita democraticamente, &, em seu lugar, meter uma gangue do PMDB que, nas palavras do jornalista Glenn Greenwald, "reúne os líderes políticos mais descaradamente criminosos do continente".

A devastação da queda do sexto infeliz dos quadros da camarilha golpista em meros oito meses se faz sentir de modo tão absolutamente acachapante que ATÉ MESMO a imprensa golpista reagiu contra, e tanto a Não Veja quanto as Organizações Golpe atacaram o Temerária. Até o Partido Safado Do Brasil, criador do Golpe, saiu metendo a boca. 

Ironia? 

O mundo inteiro repercutiu. 

Faço uma lista abaixo, só para que se sinta o drama. Começamos com o esplêndido & completo artigo de Greenwald, traduzido para o português em The Intercept Brasil:

"Novos escândalos de Temer comprovam que o impeachment visava proteção de corruptos"


The New York Times: "Presidente do Brasil, Michel Temer, envolvido em novo escândalo de corrupção" 


BBC News: "Ministro de Michel Temer renuncia por corrupção no Brasil"


Reuters: "Ministro no centro do mais recente escândalo brasileiro renuncia"


Le Monde: "Desestabilização do poder em Brasília"


O nojo desses tipos que estão ATIVAMENTE destruindo o Brasil se pode notar no vídeo abaixo, em que uns servos do poder golpista sorriem com a propaganda prestada, no esquema admitidamente cara-de-pau:

"E até cumprimento você por mais esta propaganda".

Bem que eu recomendava um bom óleo de peroba para o jornalismo brasileiro de massa. Espero que o carregamento de umas boas toneladas esteja a caminho.

Que chegue antes de se chutar o liliputiano da cadeira usurpada.



Aproveitando: quer saber mais? no filme de Oliver Stone, Snowden (2016), mostra-se, com o inacreditável sacrifício de Edward Snowden, a brutal generalização da espionagem no mundo, o que sobretudo está aniquilando os direitos civis & tem servido, entre outras coisas, para desestabilizar lugares-chave no mundo.

Um exemplo? o Brasil. Mostram-se de passagem imagens de líderes mundiais, incluindo Dilma Rousseff, & mostra-se que um dos objetivos, no Brasil, era desestabilizar a Petrobrás.

Para quê?

Ora, pergunte ao golpista MiSheLL, que está doando uma das maiores companhias de petróleo do mundo à iniciativa privada estrangeira. 

Se você acha que é mero acaso, o Papai Noel está vindo te pegar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

LEONARD COHEN (1934-2016)

Oitavo mês,
Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer



Considero que o annus terribilis de 2016 começou com a morte de David Bowie & está oficialmente encerrado com a morte de Leonard Cohen, incluindo os não poucos terrores entre um & outro.

Gostaria de imaginar que, na fantasia da mudança de ano, 2017 se torne um ano melhor, mas é bastante óbvio que a coisa não aponta para isso. 

Vamos no entanto lembrar do homem extraordinário:



Brace yourselves, winter is coming, mesmo com o derretedor verão brasileiro.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

15 ANOS DE UM PLANO LENTO, MAS SEGURO, PARA O MUNDO

Oitavo mês,
Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer

Há quinze anos, um plano de recondução do mundo ocidental para as mãos da direita (na maior parte dos casos, não uma direita esclarecida, mas a extrema direita, ou simplesmente os debilóides já conhecidos, por exemplo, no Brasil) foi posto em prática, porque notou-se que a via eleitoral, naquelas condições, seria impossível & continuaria dando vitória ao que se chama centro-esquerda.

Direita, vamos esclarecer: o favorecimento dos privilégios & dos ricos; o preconceito contra cor de pele, sexualidade, religiosidade, preconceito de classe, a xenofobia, etc, porque permite juntar os iguais; a farsa do "mercado livre" que se "autorregula", mas que na primeira encrenca pede para o Estado vir em socorro (os riquíssimos bancos de investimento na crise de 2008, empresas como a Oi no Brasil, hoje); a receita da violência, ao invés da diplomacia; o uso da classe média & dos pobres como massa escrava, que vive da ilusão hipnótica de um dia ascender socialmente ao topo da sociedade de consumo; a restrição das liberdades & direitos civis; espionagem, agora facilitada pelas telecomunicações velozes, cujo conteúdo está nas mãos de grandes empresas; o conservadorismo dos costumes em público, mas total imoralidade quando longe das câmeras; concentração de poder & renda; lavagem mental das massas por meio da mídia, para resultar no que Étienne de la Boétie já havia definido no século XVI como "servidão voluntária".

Suas armas: fraude; a nova palavrinha mágica da hipnose pública, "terrorista"; guerra; propaganda midiática do medo, seja o medo do estrangeiro, seja o medo de perder o emprego, seja o medo da oscilação das bolsas, seja o medo da violência urbana, do terror, de uma pandemia, etc; & por fim, manipulação do caldo de medo em ódio fascista.

Foi um plano bem executado, mesmo que partes dele fossem escancaradas como mentira diante dos olhos do público mundial. A mentira das armas de destruição em massa no Iraque, a mentira do Estado Islâmico, a mentira, já aqui na nossa casa, do "crime de responsabilidade".

Tudo rapidamente esquecido, porque há muita TV depois, avalanches de notícias idiotas, o tocar a vida.

Fomos levados, nesses 15 anos, a uma condição semelhante à que deixou o mundo à beira da Segunda Guerra Mundial, no fim dos anos 1930, com o mundo tomado por ódio chancelando o totalitarismo. O objetivo? Lucro & domínio político.

Se houve a crise de 1929, agora tivemos a crise de 2008; se havia a perseguição aos judeus, agora há aos muçulmanos; se havia o ódio econômico aos estrangeiros, há o ódio econômico aos estrangeiros; se havia tipos de extrema direita chegando ao poder no mundo todo, há tipos de extrema direita chegando ao poder no mundo todo.

A tensão era palpável, & hoje também é.

Nos EUA, hoje, realiza-se hoje uma eleição presidencial marcada sobretudo pela disputa grosseira & por um candidato tão extremo que a candidata de que todos desconfiam se tornou o único meio de não pôr no poder alguém que odeia explicitamente a diferença.

O que sairá disso? 

Penso que pouco, porque é um espetáculo para os olhos públicos. O que na política tem se tornado cada vez mais importante é o que se passa por trás desse circo, quando ninguém está olhando: o que não está nem em declarações abusivas para a multidão, nem no fuçar de e-mails. 

E o que está nesse escuro é o plano de 15 anos, que veremos se desdobrar nos próximos anos a despeito do que aconteça hoje nos EUA. No Brasil nota-se como é simples pôr algo assim em ação: quem tem poder puxa as cordas para obrigar, a quem queira sobreviver, que não pise fora da linha, & a intimidação vai do emprego à segurança pessoal.

Talvez seja oportuno, então, assistir novamente a Fahrenheit 9/11 (2004), documentário de Michael Moore, sobretudo porque sinto que a maior parte das pessoas, mesmo as de bom-senso, perdeu de vista muito do que o filme demonstrou sobre como o poder - lá como aqui & em toda parte - se faz. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

R$ 37.476,93, BRUTO

Oitavo mês,
Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


Na verdade ele está triste


O que vocês lêem no título desta postagem é o valor bruto que recebeu, no mês de outubro, como ministro do Supremo Tribunal Federal, o juiz Enrique Ricardo Lewandowski, o que se pode achar no portal de consulta de remuneração do site do STJ. Nem estamos falando, por exemplo, que Lewandowski também é professor da USP.

Ele, no entanto, parece achar tudo isso pouco para as despesas.

Como noticia o site Brasil 24/7, Lewandowski defende o aumento de seu salário com o seguinte argumento: "não há vergonha nenhuma nisso, porque os juízes, no fundo, são trabalhadores como outros quaisquer, e têm seus vencimentos corroídos pela inflação"; "Condomínio aumenta, IPTU aumenta, a escola aumenta, a gasolina aumenta, o supermercado aumenta, e o salário do juiz não aumenta? E reivindicar é feio? É antissocial isso? Absolutamente, não".

Isso dá o que pensar.

Consideremos: o salário mínimo praticado atualmente é de R$ 880. Segundo o IBGE, no Censo de 2010, mais de 46% da população trabalhadora do Brasil ganhava no máximo 2 salários mínimos. Quem ganhava 5 salários mínimos não chegava a 6% da população.

E nós nem mencionamos a quantidade bizarra de gente sem vencimentos de espécie alguma. O desemprego, sob o golpista, chegou a 12 milhões de pessoas nos números oficiais.

Ahora bien, eu julgo que essas pessoas também "têm seus rendimentos corroídos pela inflação"; acho que também para elas "condomínio aumenta, IPTU aumenta, a escola aumenta, a gasolina aumenta, o supermercado aumenta". 

Ou não? Ou algo me escapa?

O mínimo que se pode dizer da disparatada & graciosa declaração do juiz é que está em franco contraste com qualquer definição, por menos filosófica que seja, de realidade. 

Por que, de fato, o ministro Lewandowski teria qualquer vergonha ou acharia feio pedir ainda mais para si, uma vez que há tantas despesas para o seu limitadíssimo salário líquido de R$ 24.062, 21?

O único que consigo imaginar seria de natureza ética. Imaginemos alguém consciente da abissal desigualdade no país, & que ganhasse perto de 40 mil mensais, no bruto. 

Essa pessoa deveria realmente sentir uma bruta duma vergonha de querer aumento de um centavo que fosse. Deveria, eticamente, repensar os próprios ganhos & considerar seriamente reduzi-los, iniciar campanha para esse efeito, se preciso. Sobretudo se o governo, além de golpista, vem cortando dinheiro de políticas sociais essenciais para os mais pobres. Congelando gastos em saúde, educação & cultura por 20 ditatoriais anos.

Esse pudor, ou vergonha, é o que se chama comportamento ético, aplicado à coisa pública. 

Mas, como lemos na velha frase de George Orwell, "uns são mais iguais que os outros": deve ser essa a lei que o juiz conhece tão bem, em sua estratosférica, suprema igualdade, dentro do contexto de quanto tem para tentar sobreviver a maioria esmagadora dos brasileiros.

Democracia, isto é, governo do povo; plutocracia, ou seja, governo dos ricos. 

O vosso demônio pergunta: qual dos dois casos vocês aí acham que é o do Brasil?

Nada feio, juiz. Justíssimo, o seu aumento. Inteiramente condizente, na opinião deste poeta, com o tipo de governo instalado neste país. 

Mas talvez o melhor jeito mesmo seria perguntar ao juiz quanto acha que deveria ganhar, se os R$ 37.476,93, no bruto, estão assim defesados, a ponto de comprometer-lhe a vida. 

A gente certamente não quer que um juiz do Supremo viva na miséria. E o brasileiro - como eles sorrindo sabem - é um povo obediente, dócil.