quinta-feira, 31 de março de 2016

TODAS AS FORÇAS CONTRA O GOLPE


A manifestação contra o golpe de estado,
dia 18 de março de 2016, onde havia verdadeira diversidade


O complexo midiático brasileiro prepara, junto com o resto das forças mais retrógradas do país, um golpe de estado, já em curso sob a falsa & leve al-cunha de "impeachment", levado adiante pelos tipos mais corruptos  da política brasileira.

Preparado com antecedência longa, mesmo antes da eleição - o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff -, foi posto em prática feroz imediatamente após, e se originou no partido que perdeu o pleito (com ligações iniciais no partido que acaba de sair do governo numa tentativa de isolar a presidente & colher frutos pós-golpe).

Aquilo a que se assistiu depois é simplesmente estarrecedor para uma pessoa que jamais poderia imaginar que em seu tempo de vida veria algo como o que ouviu e viu ainda na infância: a ilegalidade praticada de modo político por juízes (um em específico, que talvez não tenha lido italiano direito, e terá pensado que Mani Pulite, "Mãos Limpas", significava "Mãos Poluídas" de ilegalidade golpista), um bloqueio de mídia, que atua em conjunto para fazer persistente propaganda antidemocrática do tipo lavagem mental, e manifestações contra o governo democrticamente eleito, nas quais vemos cartazes & carros de som pedindo a volta da ditadura militar, pessoas fazendo a saudação nazista & pessoas que dizem protestar, ah-ham, "contra a corrupção", ricamente vestidas com roupinhas da CBF, que, como todos sabemos, é uma instituição muy idônea. 

São manifestações de que participam as classes média e alta, branca em sua esmagadora maioria (e, em ao menos um famoso exemplo, a questão racial no Brasil que essas pessoas querem ficou explícita), & que assinalam a herança do colonialismo no pensamento daqueles que usam seus privilégios de poder para alienar a maioria da população brasileira de seus direitos mais elementares. 

Hoje é a data funesta do outro golpe (muito semelhante ao que acontece agora), aquele de 1964, desfechado sob as mesmas alegações, com a única diferença de ter sido levado a cabo pelos militares, como testa-de-ferro dos mesmos grupos de pessoas. 

Este agora, como a imprensa internacional tem reportado, é o "golpe frio" (Kalter Putsch, no original), como escreveu Jens Glüsing para Der Spiegel, ou o "golpe branco", como escrevi aqui mesmo neste Demônio faz um bom tempo. Antes de Glüsing já houve o jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer, Glenn Greenwald, falando em termos semelhantes sobre a ameaça de golpe com apoio do poder midiático, "a perigosa subversão da democracia".

Hoje haverá manifestações não só aqui, mas no resto do mundo, contra o golpe em curso no Brasil e a favor da democracia. Em São Paulo, a concentração começa na Praça da Sé, às 16h, com uma vigília pela democracia antes, às 13h.

E, para furar o bloqueio das parcialidades da mídia brasileira interessada no golpe, sugiro a leitura de texto, na Folha de São Paulo, do ator Wagner Moura, muitíssimo corajoso pelo risco que assume acusando as "cinco famílias" que causam o bloqueio da mídia, e defendendo a postura democrática frontalmente contra o "golpe clássico" que se prepara contra a presidente:


A matéria da Al Jazeera sobre o golpe e o comprometimento da mídia:


A peça, em Belo Horizonte, que deveria homenagear Chico Buarque por meio de um roteiro alinhavando suas canções, teve o ator e diretor fazendo a política da mídia para incitar ao golpe, mas seu tiro saiu pela culatra, incluindo mais um aspecto da questão racial do Brasil, aqui:


Chico Buarque já impediu que usem suas músicas no espetáculo. Quem se perguntar ainda "por quê?" deve lembrar que Buarque escreveu algumas das canções mais importantes contra a ditadura militar, teve de se exilar na Itália e mais tarde seria a voz central da campanha das Diretas Já, que reconduziu o país à liberdade democrática, ameaçada agora por esta nova tentativa de golpe.

A campanha a favor da democracia continua: não apeas houve, no Rio de Janeiro, manifestação de pessoas do cinema e do teatro, mas gravou-se um vídeo em que, entre outros, falam Chico César, Letícia Sabatella, Zélia Duncan:


Caetano Veloso, no programa Altas Horas, faz notar a complexidade da situação e o perigo anunciado da manifestação pró-impeachment, que, se não é igual a 1964, não se diferencia o suficiente daquilo:


E, embora a tv não mostre, Gilmar Mendes & José Serra foram recebidos calorosamente em Portugal, o que mostra que as pessoas estão atentas a quem faz o quê:


Em contrapartida:


Por fim, abaixo, na minha postagem anterior, o manifesto de escritores e gens de lettres a favor da democracia, assinado por milhares, entre eles Chico Buarque, Antonio Candido, Angélica Freitas, Marilena Chauí.

A luta contra o golpe é dura, desafia poderes muito grandes e arraigados no Brasil, mas precisa se fazer.

sexta-feira, 25 de março de 2016

A FAVOR DA DEMOCRACIA: A HORA É AGORA



O blog da editora Boitempo põe link para que escritores e pessoas envolvidas com livros assinem manifesto a favor do respeito à democracia e do Estado de Direito. Acima, algumas das pessoas que já assinaram. Este demônio assinou, também. A hora é agora. Não deixe para se arrepender depois, como aconteceu com uma porção de gente depois de 1964. 

A situação é séria, e está sendo tratada com a costumeira malícia dos meios de comunicação de massa, interessados em um resultado que não interessa ao país, mas a um grupo pequeno de privilegiados que quer apenas manter e ampliar seus privilégios.

Para ajudar a evitar que passemos por tudo de novo, e para dizer não à manipulação feita por pessoas sem convicção democrática e pela mídia mais poderosa, é bem aqui que você deixa sua importante assinatura: