Foto de J. Minchew, guarda costeira dos EUA
em grupos,
se agregam gaivotas:
grades de gaiolas repletas
de caranguejo real
homens de óleo e metal
agarram as gaiolas gritando
“dinheiro!”
— festejam
carapaça em toneladas
desliza pra carga
— com água na proa —,
empilhada
disparam cordames,
roldanas mecânicas,
dragam as presas e guincham
gaivotas à volta
estala o metal no convés,
a equipagem derrapa,
lavada de ondas de vento:
quarenta nós, noroeste
covos e patas quebradas
no porão entupido e o barco
afunda: agulha,
almofada
a casa do leme escurece
sob o vagalhão frio,
a pesca
no estreito de bering
por um fio.
se agregam gaivotas:
grades de gaiolas repletas
de caranguejo real
homens de óleo e metal
agarram as gaiolas gritando
“dinheiro!”
— festejam
carapaça em toneladas
desliza pra carga
— com água na proa —,
empilhada
disparam cordames,
roldanas mecânicas,
dragam as presas e guincham
gaivotas à volta
estala o metal no convés,
a equipagem derrapa,
lavada de ondas de vento:
quarenta nós, noroeste
covos e patas quebradas
no porão entupido e o barco
afunda: agulha,
almofada
a casa do leme escurece
sob o vagalhão frio,
a pesca
no estreito de bering
por um fio.
5 comentários:
uau! pude visualizar tudo. beijos.
Dirceu, genial o teu poema. Ouvi ecos de Homero (é claro), Melville, Poe. O jargão náutico também é fascinante. Uma musicalidade discreta, aliterante, imagens poderosas. Quando é que sai seu próximo livro de poemas?
Edgard, caríssimo,
muito obrigado. Esses ecos realmente estão presentes, não é mesmo?
Melville é um dos meus escritores favoritos (assim como o Joseph Conrad, que tive a feliz oportunidade de traduzir).
O próximo livro de poemas levará algum tempo, penso, não sei como o quero, ainda.
E como o Icterofagia ainda está no período de tour... hahahaha.
Enfim, não sei, é muito incerto, depende de uma direção se apresentar: sequer sei se farei um livro de poemas, ou apenas um poema o livro todo, ou se me dedicarei a uma peça de teatro antes.
Um abraço,
D.
Sim, quando soube que você tinha traduzido Conrad, fui atrás do livro. Está impecável, parabéns. Seu prefácio me deu uma boa visão da obra, nunca tinha atinado para o estilo conradiano, suas analogias afiadas, descrições que de tão específicas se tornam universais.
Aliás, fiz um jabá do seu livro no meu blog, se me permite a indiscrição. Abraço!
E.
Indiscrição muitíssimo bem-vinda, a sua, se assim a chama. Hahahaha.
Vai daqui um abraço, Edgard, feliz com o seu apreço inteligente,
D.
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