sábado, 12 de dezembro de 2009

O Coro de Fúrias, de Basil Bunting (& lançamentos)

Basil Bunting, em foto de Jonathan Williams

Basil Bunting (1900-1985), poeta inglês de Northumberland que deixou uma obra tão reduzida quanto brilhante em seus Complete Poems — que não chegam a 300 páginas — foi pouco traduzido no Brasil (conheço as traduções de Nelson Ascher & de Ricardo Domeneck) & razoavelmente ignorado no mundo até que o redescobriram nos anos 60.

Traduzi o poema 10 — escrito em 1929— de seu First Book of Odes. Sua concisão é, até pelo título, horaciana; Bunting sempre foi um poeta para quem o som esteve no centro da escrita do poema, & ele, sabiamente, sugeria compor em voz alta.

O poema puxa as referências da Orestéia de Ésquilo, sobretudo da última peça, as Eumênides, que perseguem Orestes por matar a mãe Clitemnestra para vingar o pai, Agamêmnon, morto por ela. Basicamente, o rapaz estava entre a cruz & a espada em seus deveres filiais.

Mas creio que Bunting estava atento não apenas a isso, mas a toda história das Fúrias (a epígrafe é Dante, do Inferno, IX, 45), com Tereu & Procne, ou cutucadas pela ciumenta Hera, etc. E também a modifica a seus próprios interesses, obviamente.

O Coro de Fúrias
eeeeeeeeeeGuarda mi disse, le feroce Erine

Desçamos-lhe então como num sonho, antes,
tripla e anônima presença;
memória-substância que o coração derrote:
e óbvias no Agora desperto, o instante
parece a esta vida sua essência,
tumba ao toque humano, a si um Iscariotes.
Desprezará a contínua carícia do ano,
sem esperança de divórcio,
invejando a apatia idiota ou o dano
de um tão claro remorso.
Aceitará meia-vida para que a tensão
de sua mente alerta
não chame os demônios ou nova aparição
com más ofertas.
Encolherá; virilidade, frágil zelo,
pele de esfolado: desespero.
Aninhará seu terror, paciente
e incerto de alívio na morte,
impotente contra a forte
dispersão da alma, dissolução da mente.

***

Em tempo, leitoras & leitores: nesta próxima terça, dia 15 de dezembro, haverá um realmente múltiplo lançamento no Bar Balcão, Rua Dr. Melo Alves, 150, aqui em SP.

É o segundo número impresso da Modo de Usar & Co. (de que participo com traduções de Ezra Pound), & são também 4 livros de poemas da coleção ás de colete, da Cosac & Naify com a 7 letras: Monodrama, de Carlito Azevedo, Mapoteca, de Felipe Nepomuceno, Ambiente, de Walter Gam e Sons: Arranjo: Garganta, de Ricardo Domeneck.

Informazioni acháveis aqui:


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E mais: Marcelo Araújo, do SESC, pede-me divulgação para Boris Schnaiderman, em leitura de Tolstói & entrevista, que domingo, dia 13, irá ao ar em transmissão direta do SESC Pompéia, aqui:

3 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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