O Sonho de Constantino, de Piero della Francesca
Durar & Permanecer
É preciso esquecer para lembrar:
o tempo nos acossa com a multitude
que os olhos sem distingüir desfiguram;
do peso da terra de séculos ressurge
o deus faraó envolto em cinzas e pó;
da têmpera em cacos,
a fagulha do anjo no sonho de Constantino.
Tudo surge para derreter e partir,
como um sonho que aperta
resquícios do dia num redemoinho
onde andamos não raro suspensos
entre ignorar e saber.
E isso é história: a sombra retorna,
sussurra seu nome em bocas futuras
e mesmo dirá fuit hic: apenas memória.
É preciso esquecer para lembrar:
o tempo nos acossa com a multitude
que os olhos sem distingüir desfiguram;
do peso da terra de séculos ressurge
o deus faraó envolto em cinzas e pó;
da têmpera em cacos,
a fagulha do anjo no sonho de Constantino.
Tudo surge para derreter e partir,
como um sonho que aperta
resquícios do dia num redemoinho
onde andamos não raro suspensos
entre ignorar e saber.
E isso é história: a sombra retorna,
sussurra seu nome em bocas futuras
e mesmo dirá fuit hic: apenas memória.
A Burocracia dos Nervos
dopamina & serotonina
dopamina & serotonina
duas garotas que dão o que falar
grávidas sempre grudadas
na tua cabeça em algum lugar
quem fez o maldito buraco
se nem sangue nem cérebro
saem?
roxo e negro cauterizados
bípede espanto
com um tiro de estupidez
na negra floresta do crânio
cabeça-canhão
& orfanato de idéias
a burocracia dos nervos
proíbe sentir e saber
gêmeas amigas
Sentir & Saber?
grávidas sempre grudadas
na tua cabeça em algum lugar
quem fez o maldito buraco
se nem sangue nem cérebro
saem?
roxo e negro cauterizados
bípede espanto
com um tiro de estupidez
na negra floresta do crânio
cabeça-canhão
& orfanato de idéias
a burocracia dos nervos
proíbe sentir e saber
gêmeas amigas
Sentir & Saber?
homem com furo no crânio
ouriço de estanho
homem-traste
só quer o carimbo “viva”
na testa
e que o vento o arraste.
As pessoas só estão assustadas
As pessoas só estão assustadas
não houve tempo e você sabe
as cenas se desenrolam sem um ensaio
sem sequer um roteiro
as pessoas pegam o que têm à mão
se você olha de longe pode perceber o medo
e o em si mesmo curiosamente animal das pessoas
a dúvida o ódio ou o amor incontidos
ou aquilo que guardam para um choro implacável
que arremessa seus peitos num desfiladeiro de paixões confusas
soluços e lágrimas
as pessoas trapaceiam matam ajudam espontaneamente
olham com ternura desprezam se irritam num instante inexplicável
perseguem e podem ser auto-complacentes
podem apertar a sua mão abraçar como pólipos
desejar muitas coisas em segredo que jamais vão conseguir
o palco é muito grande e muitos se sentem desconfortáveis
contam histórias inventadas tentando enganar o tempo
acreditam em coisas estúpidas com fervor às vezes comovente
às vezes apenas horroroso
& às vezes demonstram uma beleza que fere os sentidos
para você jamais esquecer que o pouco ainda é muito
no cômputo geral de tudo
ou quando você é incapaz de admitir o sentido do pequeno incidente
no desenho invisível de linhas harmoniosas como a música
As pessoas só estão assustadas
não houve tempo e você sabe
as cenas se desenrolam sem um ensaio
sem sequer um roteiro
as pessoas pegam o que têm à mão
se você olha de longe pode perceber o medo
e o em si mesmo curiosamente animal das pessoas
a dúvida o ódio ou o amor incontidos
ou aquilo que guardam para um choro implacável
que arremessa seus peitos num desfiladeiro de paixões confusas
soluços e lágrimas
as pessoas trapaceiam matam ajudam espontaneamente
olham com ternura desprezam se irritam num instante inexplicável
perseguem e podem ser auto-complacentes
podem apertar a sua mão abraçar como pólipos
desejar muitas coisas em segredo que jamais vão conseguir
o palco é muito grande e muitos se sentem desconfortáveis
contam histórias inventadas tentando enganar o tempo
acreditam em coisas estúpidas com fervor às vezes comovente
às vezes apenas horroroso
& às vezes demonstram uma beleza que fere os sentidos
para você jamais esquecer que o pouco ainda é muito
no cômputo geral de tudo
ou quando você é incapaz de admitir o sentido do pequeno incidente
no desenho invisível de linhas harmoniosas como a música
sinopse.
o que seria da vida humana sem os adjetivos.
rilke tem uma frase sobre algo a ver com tudo isso &
por plutão
yo no quiero acordarme.
inefável cansaço.
tenho 100 anos & quero me esquecer.
estalar os dedos ou franzir o nariz magicamente.
o truque do desaparecimento.
cortinas e alçapão.
o que seria da vida humana sem os adjetivos.
rilke tem uma frase sobre algo a ver com tudo isso &
por plutão
yo no quiero acordarme.
inefável cansaço.
tenho 100 anos & quero me esquecer.
estalar os dedos ou franzir o nariz magicamente.
o truque do desaparecimento.
cortinas e alçapão.
6 comentários:
Villa, meu caro,
bravo! belíssimos poemas!
oq nos faz aguardar o lançamento de seu não menos belíssimo livro.
abraços
Calixto
Grazie, Calixtus.
.....copiei, colei...copiei, colei...mas não fiz minhas as suas palavras...
um forte abraço
poeta brilhantíssimo esse tal dirceu villa... é sem dúvida a expressão poetica mais alta da pós-moderna poesia brasileira: talvez o fundador da mesma..............
A obra acima é de:
PIERO DELLA FRANCESCA
Não de Mantegna.
Tem toda razão, caro & prestimoso anônimo.
Devidamente corrigido. Grazie mille.
Um abraço,
D.
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