Ano I do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer
O reles serviçal Sérgio Mordor (claro, de preto) entregando os
vazamentos ilegais para o Sarumarinho, na central da TV GOLPE
O Brasil é um país ficcional.
Ontem, o ex-presidente Lula (abaixo), contra quem - como Dilma Rousseff antes dele - as acusações carecem do mais elementar da prova, ou o ainda mais básico da substância, foi de novo posto na necessidade de defender sua honra publicamente de um bando ordinário que supostamente agiria com a lei & pela lei - isso que, como sabemos, não existe neste país da ficção.
O público brasileiro, que enche as salas de cinema & adora torcer & se comover pelas figuras do chamado bem, adota, quando o problema se apresenta no mundo real, a posição da multidão que prefere Barrabás.
Todo mundo quer ser do bem, & dizer estupefato: "como as pessoas daquele lugar deixaram as coisas chegar a esse ponto?".
Mas a ficção nos ajuda, aqui.
Todo mundo assistiu ao Senhor dos Anéis, ao menos, se não leu os livros de J.R.R. Tolkien diretamente. Na segunda parte, As Duas Torres, o cerco que Mordor impõe ao mundo humano é praticamente insuportável, e a batalha de Helm's Deep está praticamente perdida com o bando violento & sem cérebro dos Uruk-Hais chegando com tudo à última parte da fortaleza, cuja porta já vem cedendo aos Golpes de aríete.
Théoden (acima), o rei de Rohan, homem virtuoso & de coragem, que esteve recentemente sob o controle de Mordor, está abatido, & diz: "O que podem os homens contra um ódio tão sem medida?"
As forças da escuridão são numerosas & sem inteligência; batem à sua porta com estrondo & violência; fazem vítimas entre os inocentes; ameaçam derrubar tudo o que se construiu arduamente pelo bem comum.
Mas, por sorte, Théoden tem a seu lado o valoroso & incansável Aragorn, que chegará a rei.
Aragorn diz: "vamos atacar juntos". Acende a última coragem do rei já sem esperanças, que via o mundo humano ruir diante da brutalidade escura daqueles que o atacavam para tomar dele o poder, a vida, o Direito. Théoden acorda & decide que, se tudo está perdido, que ataquem uma última vez juntos.
"Pela Aurora Vermelha". Claro que, sendo ficção catártica que deve nos reconduzir ao conforto de saber que o lado certo triunfa, não apenas o valor, a coragem & a correção de Théoden são recompensados com a vitória, mas ele também encontra amparo de figuras emblemáticas como o próprio Aragorn & o mago Gandalf (que traz as tropas do sobrinho Éomer para socorrer na última hora, & inunda as hordas malignas com a magia de sua luz cegante).
O Brasil está numa escuridão muito parecida com a de Mordor: o ex-presidente (que é recebido onde vai no país pelos gritos de "Lula, guerreiro do povo brasileiro") é acossado por figuras repugnantes & corruptas da direita, por figuras conspicuamente vestidas de preto à la Mordor, que fingem estar com a lei & o direito apenas para pisar em ambas as coisas. E, assim, o ex-presidente está diante de sua batalha decisiva, com os canalhas à sua porta.
Desejo a ele que tenha um Aragorn a seu lado, que na última hora Gandalf lhe traga um Éomer para ajudar na luta. Espero que não seja só a ficção a recompensar o valor.
Quanto à aurora vermelha: a do comunismo de bichos-papões? do capitalismo de estado do genocida Stálin?
Não: quando os fascistas da ditadura seqüestram as cores da bandeira, ao menos eu prefiro usar mesmo a do meu próprio sangue.
CONVICÇÃO
E parece que ter convicção, mas não ter provas, é uma nova possibilidade legal.
Lá se foi a presunção de inocência antes de se provar crime.
O que torna as coisas interessantes, por outro lado, porque passa a ter precedente que denúncias sejam acatadas por mera convicção.
Não é preciso que você, por exemplo, seja promotor, juiz, nada disso, porque convicção cada um tem a sua. Eu, por exemplo, estou repleto de convicção do papel representado por Fernando Henrique Cardoso, Michel Temer, Aécio Neves, José Serra & uns tantos outros, nas vastas, numerosas acusações documentadas contra eles.
Mas quem falou a melhor coisa sobre convicção foi Douglas Belchior, a.k.a. Negro Belchior, ativista das causas dos direitos humanos & blogueiro ativo. Belchior agora disputa uma vaga de vereador, pelo PSOL, na próxima eleição.
O título contundente é: "Não tinham alma. Não havia provas. Mas, por convicção, a escravidão se fez".
I rest my case.
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