segunda-feira, 18 de abril de 2016

GOLPE DE ESTADO (17 de abril de 2016)

Dia 1, Ano I do novo Golpe de Estado

Não há muito o que dizer: podemos talvez lembrar, apenas para que as pessoas também se lembrem, que na noite de ontem parte do povo brasileiro comemorou o voto de Jair Bolsonaro, em memória de um torturador da ditadura militar.

E que parte do mesmo povo brasileiro comemorou votos da bancada homofóbica. E podemos lembrar igualmente que parte do povo brasileiro concordou, ao comemorar, que a gangue infecta de Eduardo Cunha tome o poder através daquele boneco de ventríloquo chamado Michel Temer.

E é bom lembrar que os ladrões deste país condenaram uma pessoa honesta, com a conivência de parte do seu povo, celebrando.

E 1964 foi a mesma coisa. É bom lembrar. Há quem ache que o Senado fará diferente. Não fará. A mesma laia de ratos infesta o lugar. O país foi entregue a interesses muito maiores do que a vontade de sua maioria. A quem fingia lutar contra a corrupção: aí estão os maiores corruptos que se pode achar, mandando no seu país. 

O Brasil tentava finalmente & aos poucos ser um país que pusesse no passado a violência de suas diferenças sociais, raiz de seus dez mil preconceitos & injustiças. Ontem a vitória foi a de sua longa vocação golpista, do pior & mais reacionário que se pode encontrar no Brasil (& isso não é dizer pouco), venceram os seus ladrões, e o país mostra, ainda uma vez, que o único modo que conhece de proceder é destruindo as próprias instituições & reafirmando que o esquemão colonial de senhor & escravo é o único meio que aceita de funcionar, é o único em que se sente confortável.

Àqueles que resistiram & resistirão, o meu respeito. A quem quis ser escravo, bom proveito.

Um comentário:

Unknown disse...

Partilho contigo essa dor e indignação.
Não é irrelevante lembrar aqui, seguindo a estrutura do seu texto, que um forte abalo sísmico do governo Dilma Rousseff foi a PEC das Domésticas! Para quem esqueceu, esses trabalhadores teriam agora os direitos básicos que todos os outros já possuem. Jornada máxima de 44 horas semanais, horas extras por trabalho extra, máximo de 8h de trabalho por dia etc.
Como isso foi recebido por grande parte dos usuários desses serviços? Como um ultraje, uma afronta imperdoável. E o noticiário da época atesta isso.
Temos na composição do povo brasileiro, gente como essa. Que vai à manifestação pró-golpe com a trabalhadora, vista como “mucama” moderna, empurrando o carrinho com os seus bebês, enquanto a mamãe leva o cachorrinho pela coleira! Vai dar o troco na "afronta"!
E as plaquinhas pedindo intervenção militar? E aquelas em que diziam “somos todos Cunha”?
Bem, como diz Cartola, trata-se dos que vivem sendo escravos desta gente que cultiva hipocrisia.
Dinalva Nellessen