domingo, 21 de maio de 2017

DERRUBAR A DITADURA HOJE

Décimo-quarto mês,
Ano II do Golpe de Estado: ditadura de MiSheLL Temer


"Por que você chama isso de ditadura, Dirceu?"

1) Michel Temer (PMDB), com tipos como Aécio Neves (PSDB), articulou, junto ao congresso mais podre desde a experiência funesta da ditadura militar, a destituição sem crime de responsabilidade de uma presidente, Dilma Rousseff (PT), que não apenas se mostrou honesta (a qualidade de seu governo é outra questão) como não tolerou a chantagem corrupta do então poderosíssimo & notório corrupto, Eduardo Cunha (PMDB): aproveitando a oportunidade de tentar salvar todos os corruptos daquele mesmo congresso ("estancar essa porra", como na célebre gravação de admissão do Golpe), montou-se com mídia, parte do judiciário & a corja que agora assumiu o governo, o Golpe midiático-jurídico-parlamentar;

2) Ainda que o chamado (pelos mal informados, pelos covardes & pelos canalhas) "impeachment" fosse de fato o que alegava ser - lembre-se de que na Câmara dos deputados o capitão do Dia da Vergonha foi ninguém menos do que Eduardo Cunha praticando sua vingança, & no Senado o relator do "impeachment" foi o senador Anastásia (PSDB), amiguinho do peito de ninguém menos do que Aécio Neves, só para se ter a proporção da coisa - um governo interino, temporário, teria obrigatoriamente de seguir com o plano vitorioso nas urnas, escolhido democraticamente pelo povo. Mas não: congelou por 20 anos (!) os gastos com saúde & educação; cortou a verba dos programas sociais que haviam tirado 40 milhões da miséria; passou a entregar a grandes corporações estrangeiras, & por preço simbólico, o patrimônio nacional riquíssimo & estratégico, como a Petrobrás; destruiu o Ministério da Cultura; destruiu os programas educacionais, a começar do vergonhoso & estarrecedor fechamento do Ciência sem Fronteiras; está tentando destruir a CLT, a Previdência & o resto dos direitos do trabalhador de uma tacada só, devolvendo o Brasil a uma bizarra conjuntura pré-anos 1930; excluiu do governo as maiorias (que são chamadas convenientemente minorias), para pôr no lugar velhos brancos & ricos & corruptos, a velha política do pior do Brasil, no lugar (sem esquecer que o próprio golpe se armou descaradamente de uma carga enorme de misoginia); convida tropas estrangeiras para o solo nacional, por, ah-ham, "exercícios";

3) Fez passar tudo isso pelo congresso mais corrupto & menos representativo dos últimos tempos, congresso que se fechou aos esforços do governo de Rousseff para resolver no Brasil a onda de uma crise econômica internacional; congresso que produziu o mais vexaminoso episódio desde a ditadura militar, o Dia da Vergonha de 17 de abril de 2016, & produziu, como contra João Goulart em 1964, um episódio "canalha, canalha, canalha", palavras famosas de Tancredo Neves (avô logo de quem) no plenário quando, em 1964, se declarou a presidência vaga, entregando-se o país aos militares;

4) Encontrou rigorosamente o MESMO apoio na sociedade civil do que a ditadura militar: a extrema-direita ("pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, pavor de Dilma", como emblematicamente votou Jair Bolsonaro, & o confirmam grupos de extrema-direita na sociedade), os mesmos jornais, as mesmas emissoras, as mesmas revistas, o mesmo grupo de empresários, o mesmo apoio no exterior;

5) Produziu um Estado de Exceção, que caracteriza as ditaduras. A perseguição de um punhado de anos, já, midiático-jurídica, implacável, contra o ex-presidente Lula (PT), sem sequer um vestígio de provas após tanto tempo (perseguição criticada por um advogado do calibre do inglês Geoffrey Robertson, que faz a defesa do ex-presidente junto à ONU, e pelo grande jurista italiano Luigi Ferrajoli, entre muitos outros); a destituição de Dilma Rousseff pelo "conjunto da obra", um absurdo factual & jurídico; & a atitude de dois pesos, duas medidas, dessa mesma imprensa & do judiciário em relação aos golpistas: Temer continua "presidente" após ter um inquérito aberto contra ele pelo STF, Aécio sai apenas afastado do Senado e da presidência do PSDB, quando a PGR pediu sua prisão, e quando o áudio gravado de sua voz fala até em "mata ele"; os presos políticos dos movimentos sociais & a violência policial-militar voltada contra manifestações ou mesmo eventos culturais; chacinas nos movimentos sociais & contra os índios, & que seguem como se nada tivesse acontecido.

6) Pacto de acordo golpista da mídia de massa para esconder protestos, paralisações, greves gerais, manifestações & violência policial (manifestantes a favor da democracia são retratados como "baderneiros", "vândalos"; movimentos sociais & sindicatos são apresentados como os vilões que querem "atrapalhar" o dia de trabalho - crescentemente escravo - das multidões); para esconder a patifaria generalizada da gangue hiper-corrupta dos golpistas, que só aparece quando é explícita, absoluta & extrema, com provas escandalosas & contundentes, & mesmo assim somem do noticiário em coisa de 1 dia. A mesmíssima coisa aconteceu durante a ditadura militar. 

Poderia continuar quase indefinidamente.

Não se trata de uma ditadura de tipo militar: não há tanques nas ruas, nem ações explícitas ou massificadas de prisão & tortura. Mas é uma ditadura por todos os outros muitos motivos que fazem de uma ditadura, militar ou não, o que uma ditadura é: poder ilegítimo mantido por força maior & aplicada sobre o povo sem que ele possa recorrer das decisões tomadas contra seu interesse, o interesse do país.

Hoje há MANIFESTAÇÃO NACIONAL, uma de muitas que já houve antes, para exigir novamente a queda do golpista Michel Temer, & Diretas-Já.

IMPORTANTE:

Derrubar TODO o golpe. 

A mídia está usando Temer como espantalho, como o Judas a se malhar, porque deseja preservar quem governa, mesmo. Atira Temer aos leões, acalma a oposição que não vai mais cantar o onipresente "Fora Temer" & continua tudo na mesma com um cretino biônico qualquer, isto é: que ponham por eleição indireta.

E quem governa, mesmo, fora o refugo de filme de terror, que é só a cara feia do golpe?

Quatro nomes: Henrique Meirelles, Pedro Parente, Moreira Franco & Eliseu Padilha. 

Derrubar TODO o gabinete golpista. 

Temer é, como sempre foi, decorativo (& mesmo isso me parece de gosto muy desastroso). 

Quem governa são aqueles quatro nomes, os quatro cavaleiros do nosso Apocalipse brasileiro.

Diretas-Já & nova Constituinte. É preciso ter presidente legitimado pela vontade popular, fazer a reforma política & a reforma do Judiciário. É preciso rever a lei antiquada das concessões de mídia, & CPI para investigar & julgar todos os processos ilícitos de concessão, que durante o período militar se transformaram num antidemocrático monopólio.

Só assim isto aqui poderá (se for) ser um país.

Se não, é só um campo gigantesco de refugiados.

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