beaumarchais, le barbier de seville
I
aperta o cinto, pisa fundo
a boa vida passará
em 1 segundo. grande crono
velho corno:
antigo engodo algum
de onde píndaro
pendia ou implorava
sua paga
lavo a musa como corça
com faíscas e canções
de meus pneus [para o alto
e avante]
quem quiser ser vencedor
que calce minhas botas,
minha arte,
antes que,
é evidente,
haja mais de mim, como de um deus,
por toda parte.
II
dos menelaus levou
os leitos, uma virgem em suas asas
mil éguas incansáveis
e guris em pouco tempo
se atiçavam;
que virtude então teriam
antes da tumba? —
batem bola numa várzea
desgramada
nos torneios onde, após,
três dedos dão mil dribles
de mil dólares
toque rápido e
sentindo o mel
de alguns milhões
sentindo o mel
de alguns milhões
dão chapéu nesta miséria.
III
voz de esquinas e bibocas
metálica na máquina idiota:
bem supremo
o ser mortal
de tão porca melodia;
glorioso meio hino de lampejo
no quintal: um deus alegre
protege sua prece
a implorar celebridade,
matraca de concurso
de discurso
de jornal
não larga a isca que lhe deu
a mão risonha
em meio às nuvens:
a chave da cidade,
sobre um burro,
o animal.
IV
num garfo vê tridente
entre outras coisas
um vidente
à beira de alva praia
se confunde, “será vênus
ou tritão”,
uma vulva ou
grande arpão; dado
de aposta, sabe o vento com saliva
no seu dedo,
búzios ou brinquedos
o levam oportuno a miami
neste mau “porvir azedo”
um casado, outro morto
“sei dizer, quando me deito”
pois depois um livro inteiro
psicoimportado
“dois ou três, verdade mesmo,
sofrem acidente ou feio dano
neste ano
danado”,
quod scripsi, sempre a esmo.
V
do monte pó e com rajadas
soberano; glória aguda
como o morro de onde mata
e quer a morte amante;
belo enfeite as dez correntes
de ouro x quilates
reluzindo na metranca
sobre o ombro calejado.
quem o ouve diz que é como
júpiter à noite: caem
raios — todos falsos —
mas fulminam.
VI
tânatos te teve em tetas,
distintivo: detectando, delegavas
uma senha pro banquete
ou pro boquete
aquece ao sol à tarde
a boca rubra da sereia
que berra como louca no capô
a noite inteira:
éter, porre de sujeira,
vai com calma, coração!
cruzar dois ossos na caveira
—eloqüente, a velha lei— e
me passa a escarradeira.
VII
acocorada de tão
flamante coma
desdourada
grande olympia
se banhava: tem o cetro
de sua casa, mas colhia só galinhas
no espelho arredondado
que fascínio festejar?
que espora
põe o corpo a se lembrar
da antiga chipre?
olhos glaucos,
para homens e crianças
louça à tarde
insônia, noites frias
pratos quentes
e palavras
e palavras
como a cara
amorphophallus acabando no quintal
agora cala quando sobe
em um sorriso
eis adônis
nada mau
2 comentários:
dirceu, essa coisa de manipular elementos clássicos n'1 poema sem com isso repetir uma busca pouco inteligente do ideal de beleza clássico é terrivelmente belo. parabéns pelo poema.
Imagens poderosas, acidez, belas proporções... Parabéns! Gostei muito do poema.
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