quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SOMEWHERE

Elle Fanning literalmente fazendo graça em Somewhere (2010), de Sofia Coppola.


O novo filme de Sofia Coppola, Somewhere, é um belo filme, um filme sutil, & acaba de estrear.

É o primeiro da diretora em q a vemos se repetir: trechos lembram quase diretamente Lost in Translation (2003), & mesmo a cena de pole dancing deve lembrar aos atentos o videoclip q dirigiu para os White Stripes, com a polevalente hipnótica Kate Moss.

Sou quase obrigado a dizer "não por acaso", a música (de Burt Bacharach & Hal David) tocada pelos Stripes se chama "I Just Don't Know What to do with Myself". Digo quase obrigado pq agora, alguns anos depois, é o mesmo q qqer um de nós dirá do personagem de Stephen Dorff.

Não acho q seja coincidência nem isso nem aquilo, & passo a supor q Coppola, ainda q de modo muito precoce, está fazendo, nos dois casos, auto-referência.

Auto-referência q é também, no caso, auto-ironia. O filme é todo pensado formalmente (basta reparar na abertura & no modo de encerrar), & nele um incidente se torna gracioso parêntese no desespero. Nesse sentido, o rigor silencioso de filmar o tédio como tal também faz referência a Marie-Antoinette (2006).

(O q também sublinha o fato evidente de q, embora então fizesse um filme "de época", se tratava de história do presente, as usual. Não q isso nos impeça de ganhar, em retrospectiva, alguma idéia fecunda sobre o século XVIII à beira da Revolução).

E Somewhere é um belo filme sobretudo pq não faz concessões para o respeitável público, & pq seu claro padrão formal não fica aparente como discurso. Mesmo a piscadela para "Somewhere over the Rainbow" é inteligente, exata & não-ostensiva.

A leveza da mão de Coppola, obviamente. E sua inteligência. E é preciso lembrar também a maravilhosa genética desse família Fanning: primeiro, Dakota, & agora, Elle. A menina é um primor de atriz, & embora Dorff faça bem o q deve fazer, o filme é a garota. Também, pq ela é vida, & ele está morto.

Figuradamente falando.

A trilha, vindo de diretora q, como Tarantino, entende do assunto, é direta ao ponto. Tanto q uma canção já mais do q suficientemente bela dos Strokes ("I'll Do Anything Once") ganha um momento verdadeiramente sublime.

Este é um dos filmes q merecem q se diga: "não percam". Até pq o cinema estadunidense ultimamente só sabe fazer filmes infantis (mesmo para adultos), & esse é, ao contrário, um filme q exige alguma experiência estética & de vida.

Um comentário:

Yera disse...

que coincidência, eu estava indo postar um post no blog sobre o filme somewhere e procurei fotos no google e achei a foto mais bonita e cliquei e cai num blog que falava sobre somewhere. Escolhi outra foto pra não repetir...