
Soube, igualmente, que nem colecionadores nem museus se apresentaram para comprar. Paulo Grassmann, sobrinho do gravador, empregou até mesmo um texto meu dizendo (& lá vão anos) sobre o absurdo desconhecimento da obra ímpar.
Q EU não me apresente para comprar, q não tenho dinheiro, é nada além de perfeitamente natural: q museus & colecionadores não se apresentem, c'est pas normal.
Este é o link útil para os q querem ver mais:
http://marcelograssmann.blogspot.com/
Grassmann não é um dos maiores gravuristas brasileiros, mas do mundo. Sua imaginação já é patrimônio comum da nossa imaginação.
Lembro de ver Grassmann no Museu Lasar Segall, onde foi falar de seu trabalho para uma vintena de estudantes de gravura: levou uma porção de seus trabalhos recentes, q passava sem nenhuma cerimônia de mão em mão.
Reverente, eu tomava um cuidado de ponta-de-dedos com o material, para mim, tão importante, & era inacreditável aquela obra extraordinária ser manipulada com tanta generosidade pelo mestre gravador, q ao mesmo tempo respondia a variadas perguntas de um monte de jovens.
O caso não é APENAS com Grassmann: o excelente pintor Arnaldo Vieira morreu, há poucos anos, quase inteiramente anônimo; Enio Squeff, outro grande pintor, vivíssimo, é conhecido de uma pequena entourage de amigos, artistas & este ou aquele que lhe comissionam obras.
uma rosa em depuração, ainda
contra o rosto em retrospectiva:
o rosto cresce,
crescem os bancos do jardim,
cresce a rosa sobre eles.
é uma coisa bela & engenhosa, q chama púrpura em pureza, q usa com cuidado a estrutura anafórica em crescendo, espelhamentos verbais sutis.
Priscila Manhães escreveu um poema, "Hóspede", onde lemos uma ausência q é presença, &:
Tem ocupado seu lugar ao lado de outras sombras.
Uma falha no sangue, esboço tenaz.
Algo que não consigo isolar ainda que o intente.
É rápido e fugaz, sem pressa.
Simples como a noite é simples,
Quando a noite cai com sobriedade.
a palavra refaz o fantasma como um pequeno feitiço, mas:
Ele, então, brilha um instante, ondea e se dissipa
Observação detida, inteligente, em gradações refinadas. O poema completo se acha aqui:
http://diasdevoragem.com/2010/06/18/hospede/
O Demônio fará pausa (preguiçoso, o Demônio, & a preguiça é um dos sete pecados capitais) & volta num piscar de olhos.