domingo, 9 de fevereiro de 2020

DEMOCRACIA EM VERTIGEM, & O TIPO DO COVARDE

Quadragésimo-quinto mês,
Ano V do Golpe
Ano III da Era Fascista

Petra Costa já ganhou; não o Oscar, mas a batalha contra
o horror brasileiro. E elegantemente.


Petra Costa teve um gesto de imensa coragem: presenciando o golpe de Estado de 2016, ativou sua arte com sua câmera, documentarista que é, para registrar o momento histórico.

Não houve muito mais gente que tivesse essa coragem. E, é preciso dizer, nem esse talento, porque é um filme de evidente talento.

A maioria, porque já havia embarcado no fascismo; um pequeno grupo, porque achava que era só o PT desmoronando, & que já ia tarde (mas a democracia estava indo junto); um grupo ainda menor não fez nada por receio de sofrer represálias, que sem dúvida alguma viriam, & vieram.

Mas ressalto um grupo interessante, meio sombrio porque nunca se põe luz ali: o grupo dos covardes.

O que defino como covarde?

O covarde do golpe é o tipo que vive às custas de promotores do golpe; que tenta, no entanto, parecer mais civilizado do que a barbárie que apóia, para não perder status de gente civilizada, mas, ao mesmo tempo, tem o dever de defender os interesses de seus empregadores, que são os seus também. Numa palavra: privilégio.

O tipo exemplar do que defino acima é Bial.

Sempre foi assim. Quer ser chique, meio folgadamente cronista, agora meio David Letterman, mas não é nada disso: flagrantemente burro, preconceituoso. 

Vive de por alguns minutos tentar conversar com gente famosa &/ou inteligente, de fingir ser parte de uma coisa & de outra. Mas é só um vassalo do privilégio, agente dessa opinião de "massa cheirosa", como definiu uma covarde sua colega.

Nos termos da escravidão permanente do país, Bial é um feitor: o chefe manda, ele executa. Mesmo depois de "Dr. Roberto" (como chama aquele promotor da ditadura de 1964) morto, estende sua língua para que o dr. limpe os sapatos imundos nela.

Bem diferente a atitude que adota diante de uma artista contra o poder.

Seu ataque bem tosco a Petra Costa & a Democracia em Vertigem escancarou o brucutu por baixo da fantasia já meio rota de folgazão midiático. 

Não criticou o documentário premiado & revolucionário de Petra Costa, como alega: foi para cima dele com a voracidade de seus preconceitos, de sua convicção de privilégio. 

Chamou a responsável & corajosa diretora de "menina", para desqualificá-la, & com espesso acento misógino; como toda a extrema-direita deste triste país, chamou o documentário de "ficção alucinada", por medo de que o mundo comece a ter bem claro o golpe de 2016, apoiado por sua emissora & por ele mesmo, & que resultou em nazifascismo.

Agora, sofrendo o revés de seu ataque burro, mal-educado & rude, posa como vítima de "linchamento virtual". Diz que já sofreu isso antes, ele que "vive de acolher as opiniões das pessoas", isto é, os convidados de seu programa de propaganda do status quo.

Banca o macho das antigas para atacar a diretora brasileira, de sucesso internacional com um documentário que põe o dedo na ferida, & indicado ao Oscar, mas vira um bichinho assustado se mostram a ele um espelho. 

Bicho feroz, como ensinava Bezerra da Silva.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

UM GOVERNO NEONAZISTA

Quadragésimo-quarto mês
Ano V do Golpe
Ano III da Era Fascista





Roberto Alvim, Secretário Nacional da Cultura, acaba de publicar um vídeo no qual faz uma paráfrase de discurso de Goebbels, então ministro de Adolf Hitler.

Nazista, só para quem não se lembra.

Eu avisei. Sei que as pessoas não gostam que se diga, mas eu de fato avisei. Não acredita? Basta dar uma espiada aqui:



Alvim nos faz o favor de deixar explícita a vinculação ideológica. 

É discurso oficial, público, & ele deseja, com a aprovação do Bolsonazista, que se faça saber o que pensam, o que querem & o que se pode esperar deles.

O governo precisa sair, inteiro.

Ninguém o diz, para minha perplexidade, porque me parece que as pessoas esperam que aconteça novamente o que já aconteceu logo antes da Segunda Guerra Mundial.

Se esse não for o momento em que as pessoas se juntem & exijam a saída desse governo para evitar o pior, não será nenhum.

E daqui vai outro aviso para quem ainda não acordou: a continuar, vai piorar muito. Nazifascistas procedem avançando sempre que não encontram resistência. 

Estão avançando.

domingo, 10 de novembro de 2019

VIVA LULA

Quadragésimo-segundo mês,
ANO IV do Golpe
ANO II da Era Fascista



Lula foi solto. Nenhum favor: repor o que era cláusula pétrea da Constitiução antes da trapaça para prendê-lo a tempo de não poder se reeleger presidente não passa do mínimo de justiça num país que nem lembra mais o que o conceito significa.

Lula incomoda Bolsonaro, que ainda tem o fantasma de Marielle em seu encalço. Lula incomoda o novo Goebbels deste nosso admirável mundo velho, Bannon. Incomoda o putrescente ex-juiz überfascista que foi promovido por encarcerar o ex-presidente.

Lula é um perigo para o regime fascista que tenta se apoderar do mundo, em particular da América Latina, & Lula, por isso, também corre sério perigo.

Lula foi recebido por um oceano de gente efusiva; ele é o "maior líder popular do mundo", disse Chomsky.

Vamos ver o que acontece nos próximos capítulos: se o congresso vota a PEC da segunda instância com pressa, para deformar novamente a Constituição em favor do fascismo; se Lula consegue viajar para espalhar alguma esperança nesta renovada colônia de escravos, sem que psicopatas ataquem sua caravana. 

E terá ele carisma & força política suficientes para lutar contra interesses de financistas & banqueiros internacionais, a mídia de massas & as empresas de tecnologia alienante, fascistas & corruptos brasileiros, milicianos & debilóides, o agronegócio, a banda podre da justiça, o fascio-evangelismo?

É muita coisa simultânea, & não estou particularmente otimista. Mas é Lula. 

Vamos ver. 

terça-feira, 8 de outubro de 2019

QUE SEJAM PERIGOSÍSSIMOS

Quadragésimo-primeiro mês,
Ano IV do Golpe
Ano II da Era Fascista

LULA LIVRE



Johnny wants to suck on a coke
Johnny wants to think of a joke

Parte da crítica brasileira ao extraordinário Bacurau, de Kleber Mendonça e Julio Dornelles, & da crítica em toda parte a Coringa, de Todd Phillips, sugere que os filmes são perigosos.

Tanto no Brasil quanto nos EUA & elsewhere, quem escreve isso são pessoas dos lugares de poder fascista que infestaram o mundo, ou gente que está no triste esquema promovido pelo fascismo entre a chamada "intelligentsia", o esquema do antigo truque romano: o dividir para conquistar.

Espero que esses dois filmes sejam efetivamente perigosos. Estou torcendo para que sejam perigosíssimos.

Como disse Chris Hedges já em 2017: "aqueles que não forem capazes de fazer medo às elites do poder, não terão sucesso (...) Apelar à sua boa natureza é inútil: elas não a têm. Os dias adiante serão sombrios e assustadores". Mas complementa que, ao encarar o mal radical, sairemos vitoriosos, & só assim.

Aqui a fala completa:



Bacurau não é a violência bolsonarista invertida, como um idiota da imprensa disse idiotamente: Bacurau é a violência ancestral, acordada só em momentos decisivos de conflito já além de qualquer ajuste, é a cena em que o museu revida com suas armas arcaicas, porque a cultura, a verdadeira cultura, não é nem nunca foi inofensiva.

Coringa não é dúbio em flagrar a dissolução mental & social dentro do totalitarismo empresarial dos EUA: o filme anota sem deixar espaço para qualquer suspeita quem são os responsáveis por essa dissolução.

Mas não adula o resultado da dissolução, apenas anota o que acontece, como aliás estatisticamente se pode achar de modo rigoroso, científico, no livro fundamental de Thomas Piketty, O Capital no Século XXI, quando demonstra que, como efeito de períodos de extrema reconcentração de renda, de modo inevitável, se acham na História guerras civis, revoluções, guerras mundiais.

O desastre não é organizado, nem catártico: é um desastre. Bacurau ainda nos dá a catarse, que o Brasil como país nunca reagiu ao mal que se lhe fez (& que frequentemente faz a si mesmo, como agora), & precisa obviamente acordar para seu papel histórico, o que leva Mendonça a imaginar o Brasil retomando Canudos, o cangaço, as raízes de um brio ancestral, multiétnico, das questões nunca realmente enfrentadas, como a escravidão & seus efeitos muito presentes ainda (ou sobretudo) hoje.


Lunga não está para brincadeira

Que sejam filmes perigosíssimos, nos termos proféticos de Chris Hedges. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Io venni in loco di ogne luce muto

Trigésimo-nono mês,
Ano IV do Golpe,
Ano II da Era Fascista



LULA LIVRE



Não creio que seja necessário ter muita imaginação para comparar a cidade de São Paulo ao Inferno; ou qualquer metrópole: T. S. Eliot, logo após a Primeira Guerra, sugeriu a comparação entre Londres & aquele buraco atroz da nossa consciência.

MAS (& é um grande mas) nesta última segunda-feira pudemos ver aqui algo muito mais persuasivo, algo que nosso inverno pôde propor como ligação direta com inferno: o fogo do governo fascista & de seus comparsas latifundiários, o fogo daqueles que matam lideranças indígenas, foi esse o fogo queimando a Amazônia até as cinzas, essas que cobriram o céu da cidade do Sudeste ao ponto espantoso de roubar até mesmo as cores de tudo. 

Era uma escuridão durante o dia que eu mesmo jamais havia presenciado, a não ser assistindo a  Blade Runner (1982), de Ridley Scott, que aliás se passa neste mesmo ano de 2019. Ficcionalmente?



Me lembrei de imediato de um dos muitos versos célebres da Commedia: é, aquela escrita por Dante Alighieri, o florentino. É um verso do canto V, o que vai de título inevitável a esta postagem, e diz, em português: "Cheguei a um lugar mudo de toda luz".

É quando ele adentra o ar espesso do Inferno, "mudo de toda luz".

Quem duvidava da alcunha "o nosso Hitler", talvez reconsidere. A destruição da Amazônia nem precisará dos 4 anos infernais de seu desgoverno, vai morrer antes. Hoje já é provável que o atual dano seja irreversível, & prossegue.

Quem votou nele, eu dizia, tem sangue nas mãos. Quem deixou de votar na alternativa, também. Mas tem mais: estrangula o pescoço da vida, não só humana, não só animal neste planeta, mas toda a vida.

E isso não é um indivíduo estúpido no poder, uma figura repelente mas alegórica para dar sua cara feia a tapa, isso é o profundo Estado de escuridão que se apossou do poder & vem se enraizando nele desde 2016, com o golpe de Estado, & que desde lá mostra a que veio. 

Não por acaso, falando em escuridão, a foto que se tornou instantaneamente famosa de mais esse desastre é a de um tamanduá cego, tentando fugir do fogo destruidor, tentando se defender, foto de Araquém Alcântara. 

Tudo neste completo desastre de proporções mundiais é metáfora: é a cegueira, é a escuridão, é o inferno mudo de toda luz. 

Foi a esse ponto, penso que sem volta agora, que chegamos.




segunda-feira, 10 de junho de 2019

NEM PROVAS, NEM CONVICÇÃO

Trigésimo-sétimo mês,
Ano IV do Golpe
Ano II da Era Fascista



LULA LIVRE


The Intercept publicou matérias extensas (& diz que publicará ainda mais, adiante) que provam o conluio entre o ex-juizeco camicia nera agora Ministro da Injustiça & a operação Lavajato para prender Lula & impedir o Partido dos Trabalhadores de vencer as eleições presidenciais de 2018.

Judas recebera algumas moedas, apenas; Aroeira 
mostra que alguns pagam mais

Tramam juntos o timing de suas ações - para o que não tinham prova, como sabíamos, nem convicção, como agora sabemos - milimetricamente servindo à agenda política que levou a extrema-direita ao poder. 

E o juizeco foi premiado pelo Boçal pelos serviços prestados. E diz o Boçal que o premiará ainda melhor, indicando-o ao Supremo Tribunal Fascista, que aliás acaba de tornar público o acordo com os fascistas do executivo & de selar esse acordo com a licença para doar todo o petróleo sem precisar do aval do Congresso.

O imparcial, sorrindo com a "gente de bem",
o que, como diz a sabedoria popular, é gente de bens.


Lula está preso injustamente há 13 meses. O coro da imprensa de massas nacional é que foi justamente que se o fez, & viva a muy podre Lavajato.

O mundo do avesso, inversão completa de tudo, o maior escândalo da história da república, de fato.  

Hamlet falaria de algo podre no reino. 

Mas, neste nosso caso, podre é o reino todo, com um homem justo na prisão, algo para os romances de Dumas, como o capítulo do Visconde de Bragelonne sobre o homem da máscara de ferro, ou O Conde de Monte Cristo.

Aqui:




quarta-feira, 15 de maio de 2019

DISSE A VERDADE, VAI PRA CADEIA

Trigésimo-sexto mês,
Ano IV do Golpe,
Ano II da Era Fascista

LULA LIVRE


Quem mandou matar Marielle? Uma simples coincidência. 

Quem vai mandar o Moron para o Supremo Tribunal Fascista? Nada além de uma promessa. 

Quem mandou Temerária & o General Limo para casa? O Superior Tribunal de Jumentos.

Bozonaro vai com armas para o Texas & o Brasil vai com a educação para as ruas.




ps: Moron não deveria ir para o STF, mas para Washington, antes que seja tarde demais pra ele.